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Imobiliário: 2021 será um bom ano mas 2022 regressará aos recordes

A consultora imobiliária Cushman & Wakefield (C&W) lançou hoje (20 de Setembro) a habitual edição do Marketbeat Outono Portugal 2021 no qual traça um cenário de recuperação, lenta, onde algumas operações, dependendo do mercado, irão, inevitavelmente, resvalar para 2022 ou 2024. Mas este será, segundo a especialista, o quarto melhor ano do mercado de investimento comercial português e o próximo ano será ainda mais promissor.

Depois do “forte impacte da pandemia”, Andreia Almeida, head of Research & Insight na Cushman & Wakefield, acredita que “agora é o período de retoma.” Mas avança logo que na habitação vão existir “quebras dos valores médios por transacção”. Para tal vão contribuir diferentes variáveis, nomeadamente o fim das moratórias, as maiores restrições no acesso ao crédito impostas pelo Banco de Portugal e o fim dos Vistos Gold em Lisboa, Porto e litoral a partir do próximo ano. Há também o pronuncio do “agravamento do volume de crédito malparado.”

Paulo Sarmento, international partner na Cushman & Wakefield, defendeu a ideia de que se vai “falar cada vez menos de reabilitação urbana e cada vez mais de promoção”, nomeadamente nos “centros urbanos de Lisboa e Porto” e no segmento “luxury e primium”. O Marketbeat destaca também, como este especialista mencionou, o surgimento de produto habitacional em “larga escala para a classe média”, quer para arrendamento, quer para compra. Aliás, segundo a consultora, a construção nova irá trazer cerca de 12 mil novos fogos para o mercado de arrendamento nos próximos cinco anos.

No que diz respeito ao volume de transacções em imobiliário comercial de rendimento, o estudo revela que, em 2021, deverá fixar-se abaixo dos 2000 milhões de euros, ou seja, com uma quebra de 27% comparativamente a 2020. A escassez de activos é, por um lado, determinante para este valor. Mas como Paulo Sarmento salientou, para tal contribui também o facto de os investidores estarem a “tentar comprar hotelaria oportunistamente” mas “os nossos hoteleiros não estão “distress”.

No que toca ao sector hoteleiro, Paulo Sarmento adverte que este ano poderá, ou não, ocorrer a venda da carteira de activos dos hotéis da ECS. A concretizar-se, diz, “podem mudar tudo” uma vez que se trata de um negócio do qual faz parte cerca de 20 activos no valor aproximado de mil milhões de euros.

O Marketbeat Portugal Outono avança ainda que, desde o início do ano, já foram inaugurados 30 novos hotéis com cerca de 2400 quartos, sendo que cerca de metade são de quatro estrelas. Ainda assim, muitas unidades hoteleiras vão adiar a sua inauguração ou rever os seus planos de investimento das unidades em fase de licenciamento ou projecto até a retoma do sector ser uma realidade. Ao que tudo indica, até 2024, deverão abrir cerca de 190 estabelecimentos com um total 15.100 quartos. Andreia Almeida dá ainda nota que “a recuperação do turismo de lazer será mais rápida do que a do segmento negócios.”

Há ainda a salientar o mercado de Industrial & Logística que ganhou um novo fôlego durante a pandemia, alavancado pelo crescimento das compras online e pela escassez de espaços de armazéns, e que deverá ser um mercado a “explorar” nos próximos tempos.

Aliás, as compras online vieram favorecer também o retalho, tendo existido um maior interesse por lojas de grande dimensão, sobretudo em retail parks e unidades stand alone. Paulo Sarmento salientou ainda o interesse por “supermercados, lojas de bricolage, tecnologia e desporto.” Mas “incerteza” é a palavra que domina o futuro deste mercado.

A nível global, a consultora divulgou que existem cerca de 1800 milhões de euros de transacções (onde se inserem os hotéis da ECS) que se encontram actualmente em fase de negociação e que deverão ficar concluídas já em 2022.

Se para 2021 a C&W perspectiva que seja o quarto melhor ano do mercado de investimento imobiliário comercial, para 2022 vaticina o regresso a um valor aproximado dos 3000 milhões de euros.

DR Foto: Anabela Loureiro