O ópio dos povos
O que tem a ver o Mundial de Futebol com o Tribunal Constitucional?
Adoro o futebol enquanto desporto. Há uma mística especial entre o físico e o intelecto, entre a sorte e o azar que fazem dele uma modalidade global. Mas, e há sempre um mas, odeio o “fenómeno” do futebol que gera biliões e biliões nos cinco continentes e que alimenta uma legião de milhões de chulos que vivem à custa dos desportistas, mais ou menos ricos, mais ou menos mediáticos.
No entanto, o que menos suporto é o aproveitamento político e económico do futebol. Perigoso jogo este. Basta olhar para o Brasil, a uma escala maior para já não falar do Portugal de 2004.
É evidente que existe uma máquina mundial montada para alienar, até à exaustão, as multidões em torno desta modalidade. Isto não acontece por acaso, há interesses imobiliários, turísticos e financeiros que não são virgens em termos de corrupção.
O que será Dilma Rousseff se o Brasil não ganhar o Mundial? E o Passos Coelho, coitado, se o desempenho da nossa não for o melhor? Dirá também que a culpa é do Tribunal Constitucional?
O que gostava mesmo é que a magia do futebol se transformasse numa magia social. Que se passasse de “besta a bestial” em pouco tempo. Ou seja, que Portugal se transformasse num País justo, desenvolvido, orgulhoso sem precisar das melhoras do joelho de um jovem de 29 anos. Mas isso é impossível em trinta dias. Seria preciso correr com a corja de uma classe que nos quer alienar a todos.
Joaquim Pereira de Almeida
Foto: Getty Images