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e-Commerce: mercado das vendas online cresce na Europa

A Savills Portugal promoveu a primeira iniciativa “Breakfast Talk” alusiva à temática do e-Commerce. É que, como Patrícia Liz, CEO da Savills Portugal, afirmou: “Hoje tudo passa pelo online”.

O evento que decorreu no dia 11 de Abril, no Hotel H10, em Lisboa, contou com a participação de Marcus de Minckwitz, European Cross-Border Investment – Logistics Omnichannel Retail Group da Savills UK, segundo o qual “está a aumentar o mercado on-line, muito embora a loja continue a ter um papel importante quer na promoção das vendas, quer na mitigação das pressões de margem online”. Actualmente 18% das vendas de retalho já são feitas online.

Das tendências apontadas por este especialista está a passagem do multicanal, ou seja, o consumidor tem várias formas de ver e adquirir um produto (computador, telemóvel, loja, etc.) mas estes canais não estão interligados, para o omnicanal onde todos os canais estão totalmente conectados e disponíveis para o consumidor. E isso é também uma tendência no mercado do retalho onde os vários sectores, nomeadamente a logística, estão interligados e passa a existir uma nova visão da cadeia de oferta, desde a produção, ao transporte, armazenamento até chegar ao cliente final.

Segundo Cristina Cristóvão, Retail Director da Savills Portugal, a introdução do ominicanal traz “uma nova dinâmica e um novo atractivo na relação com o retalho”, já que implica, por exemplo, “lojas mais pequenas, menos pessoal, um armazém num só local e mais próximo do centro da cidade, menos transportes…”, com isso a empresa “diminui o valor a pagar da renda” e “reduz os custos para 30/20%”, e isso é “muito importante”.

Marcus salientou ainda que o “e-Commerce está a começar a crescer a partir do Nordeste da Europa” e que “os mercados de logística europeus estão, agora, a experimentar o mesmo crescimento que o Reino Unido teve nos últimos cinco anos, onde os lojistas ligados ao retalho responderam por mais de 60% da ocupação durante esse período de tempo”. No entanto, refere que “as vendas médias online em toda a Europa ainda são inferiores à metade das do Reino Unido”. Mas tudo indica que o e-Commerce deverá ter um “rápido crescimento” em toda a Europa e Portugal não será excepção.

Cristina Cristóvão, em conversa com os jornalistas, recordou a realidade portuguesa: “Lisboa e Porto são cidades pequenas, existem insígnias do mass market que procuram lojas de maior dimensão em zonas prime e não conseguem encontrar”, dando o exemplo da Primark que continua à procura de uma área de “5000m2 na Baixa”. Outra realidade é da Avenida da Liberdade “com lojas demasiado grandes” uma vez que agora o “mercado de luxo procura áreas mais pequenas”. E, ainda, os centros comerciais que “reposicionaram-se e reformularam conceitos”.

Tendo em conta este cenário e os dados sobre esta matéria, para a Savills o e-Commerce está em crescimento em Portugal e vem potenciar os sectores “industrial e logístico” que estavam menos desenvolvidos e onde a tendência será para surgirem novos espaços e reconverter os existentes, bem como uma maior proximidade com os espaços de retalho e do cliente final. Outra tendência será a “estabilização das rendas”. Ainda assim, no Porto, por ser mais industrial, as áreas industriais apresentam “rendas mais altas e com maior procura”.

A CEO da Savills Portugal recordou que “antes da crise, era difícil convencer um investidor, um proprietário, a renovar um imóvel, a torná-lo mais apetecível, não existia abertura; com a crise pelo meio, veio gente de fora com os olhos abertos, e acordaram”. Por isso, diz, que actualmente existem “espaços de retalho que não são utilizados que são convertidos em, por exemplo, residências de estudantes”. Mau grado, não deixou de lamentar a morosidade dassas reconversões derivado do facto da “câmara municipal (Lisboa) não ter capacidade de resposta para emitir essas licenças”.

Patrícia Liz apontou também que “os proprietários de retalho já estão mais sensibilizados” para as mudanças no paradigma do retalho, inclusivamente para “formatar as suas lojas”, a questão coloca-se agora nos Fundos de Investimento Imobiliário que assentam em “números” e podem “não vislumbrar” esta nova realidade.

Marcus de Minckwitz respondendo à questão – “Estamos à beira do precipício?” – afirmou que “Portugal ainda não atravessa os problemas que o Reino Unido já enfrenta” e que pode até aprender com os “erros deste mercado”. A “grande lição” que devemos retirar é que para termos um mercado forte e para que o e-Commerce cresça sustentadamente “deve existir diálogo entre os proprietários e os ocupantes”, deve interiorizar-se que “os activos podem ser alterados” e que “o futuro passa pelo online”.