< Voltar

Economia da Índia está mais debilitada

A Crédito y Caución prevê uma contracção do PIB indiano de 8,8% em 2020. A construção, electrónica, serviços, siderurgia e metalurgia apresentam um fraco desempenho empresarial e de risco de crédito. A elevada taxa de incumprimento concentrada nos bancos públicos poderia limitar a capacidade do sector financeiro indiano para responder às necessidades de financiamento do tecido empresarial.

No quadro do combate à pandemia, a decisão de impor um confinamento geral a partir de finais de Março teve graves consequências na procura interna. Como resultado das medidas de distanciamento social e das proibições de viajar, o desemprego aumentou consideravelmente e prevê-se que o ano de 2020 termine com uma contracção de 9% no consumo das famílias. Também são esperadas fortes quedas no investimento fixo e na produção industrial, próximas dos 17% e dos 12%, respectivamente. A flexibilização das medidas de confinamento iniciada em Junho foi gradual, num contexto de elevado número de casos de coronavírus.

No primeiro semestre, as prolongadas interrupções de fornecimento por parte da China prejudicaram as indústrias indianas que dependem das importações e que se concentram nos sectores de bens de consumo duradouro, fabrico de produtos electrónicos e sector farmacêutico. Mais de 65% dos componentes electrónicos e quase 70% dos ingredientes farmacêuticos necessários para posterior transformação são importados da China. Em muitos sectores, os incumprimentos aumentaram consideravelmente a partir do segundo trimestre de 2020. A construção, electrónica, serviços, siderurgia e metalurgia apresentam um fraco desempenho empresarial e de risco creditício.

Embora os bancos indianos estejam suficientemente capitalizados, a sua dívida externa líquida, que representa 4,7% do PIB, torna-os vulneráveis à volatilidade das taxas de câmbio. Além disso, o sector financeiro enfrenta um elevado nível de empréstimos improdutivos. Estima-se que a taxa de incumprimentos seja superior a 10%, concentrada nos bancos públicos, que representam mais de 70% do sector bancário indiano. A falta de recapitalização adequada perante as tensões de crédito preexistentes limitará a sua capacidade para responder às necessidades de financiamento por parte do sector privado. Com o objectivo de apoiar a economia, o Banco Central tomou medidas para suportar a taxa de câmbio e proporcionar liquidez ao mercado. A taxa de juro de referência baixou mais de um ponto percentual, até aos 4%. É provável que haja novos cortes nos próximos meses, na medida em que se espera que a inflação diminua em 2021.

O apoio fiscal para combater os impactos negativos da pandemia foi relativamente baixo até ao momento, limitado a 1,4% do PIB. Embora se espere um novo pacote de estímulos em 2021, a margem é limitada. A Índia apresenta um défice estruturalmente elevado relacionado com o pagamento de juros, que representam cerca de 25% das receitas do Governo e de 5% do PIB. Prevê-se que o défice se mantenha na ordem dos 6% em 2021, após um aumento de 7% em 2020. Devido ao elevado défice fiscal e à recessão, a dívida pública deverá alcançar os 64% do PIB em 2021.

Após a forte recessão de 2020, a economia da Índia deverá apresentar um crescimento de 8,8% em 2021, como resultado do substancial crescimento dos investimentos, do consumo privado e da despesa pública. A contribuição do comércio externo será negativa, já que o aumento da procura interna dará lugar a um forte aumento das importações.
DR Foto: Bharath Reddy on Unsplash