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Desactivação de centrais termoeléctricas deve ser faseada

Portugal “livre de carvão” mais cedo é o que a associação ambientalista ZERO defende. Para o efeito, reivindica um final faseado das centrais a carvão de Sines e Pego até 2023.

Termina no próximo dia 9 de Agosto a consulta pública relativa à renovação da Licença Ambiental da Central Termoeléctrica de Sines.

Em comunicado, a ZERO considera que esta é uma oportunidade única para Portugal reduzir significativamente as suas emissões de carbono, dado que é possível assegurar todas as condições técnicas e económicas para encerrar as duas centrais termoelétricas a carvão e assegurar o fornecimento de electricidade em Portugal Continental a um preço mais reduzido e com menores impactes ambientais.

A EDP pretende prorrogar a licença ambiental emitida a 30 de Abril de 2009, e que terminou após o prazo de dez anos, por um período idêntico ao anterior, isto é, até final de 2029.

A Central de Sines produz electricidade recorrendo à queima de carvão através de quatro grupos geradores idênticos, com uma potência eléctrica instalada total de 1256 MW. A outra central termoeléctrica em Portugal, que recorre igualmente a carvão, é a Central do Pego, com uma potência eléctrica instalada de 628 MW.

De acordo com a ZERO, ambas as centrais são as instalações com maior peso nas emissões de carbono em Portugal. Em 2018, a Central de Sines foi a 17ª central térmica a carvão e a 22ª instalação com maiores emissões de dióxido de carbono da União Europeia (responsável por 7,4 milhões de toneladas de CO2); e a Central do Pego foi responsável pela emissão de 2,8 milhões de toneladas.

A Central Termoeléctrica de Sines, entre 2008 e 2017 representou, em média, 12% das emissões totais nacionais de gases com efeito de estufa (GEE), variando entre 8 a 15%, em função da produção realizada. A Central Termoeléctrica do Pego, entre 2008 e 2017 representou, em média, 5% das emissões totais nacionais de GEE, variando entre 3 a 6%. No total, as centrais de Sines e Pego têm representado uma contribuição média de 17% para o total das emissões do País.

Em linha com duas decisões importantes tomadas este mês, a declaração de emergência climática aprovada na Assembleia da República e a publicação oficial, em Resolução de Conselho de Ministros, do Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 que prevê o fim das centrais a carvão até 2030, a ZERO considera que é possível e imperativa uma abordagem faseada para o encerramento das centrais de Sines e Pego até ao final de 2023, ponderando um conjunto de elementos de carácter técnico e político: Até final de 2021, o encerramento da Central do Pego e de dois (50%) dos grupos geradores da Central de Sines; e até final de 2023: encerramento dos restantes dois grupos geradores da Central de Sines, devendo esta ser a data limite da licença ambiental.

Foto: APS – Port of Sines, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=11336302