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Juntos por uma mobilidade sustentável e acessível

A ZERO informou que hoje, no dia em que se inicia Semana Europeia da Mobilidade que se inicia amanhã, várias organizações da sociedade civil portuguesa, reunidas na campanha “Todos a Bordo!”, lançam uma petição que exige ao Governo e à Assembleia da República medidas que garantam o direito à mobilidade sustentável.

Um pouco por toda a Europa, a necessidade de melhorar as condições de vida da larga maioria dos cidadãos ao mesmo tempo que respondemos â crise climática tem gerado medidas que reduzem a emissão de gases com efeito de estufa no sector dos transportes, como é o caso do passe nacional alemão, cujo valor mensal é de 49 Euros.

Neste sentido, várias organizações portuguesas conceberam a campanha “Todos a Bordo!”, defendendo que uma mobilidade sustentável deve ser” acessível a todos, independentemente da sua localização ou condição socioeconómica, e que a transição para um modelo de mobilidade limpo deve ser acompanhada por um investimento robusto em infraestruturas e em pessoas, criando empregos qualificados e promovendo um futuro mais justo e sustentável”. As medidas propostas pela campanha visam assegurar que ninguém seja deixado para trás na transição para uma economia livre de combustíveis fósseis.

A petição, intitulada Todos a Bordo! – Medidas imediatas pelo direito à mobilidade, pelo planeta e pelo emprego, conta com o apoio das organizações Campanha Empregos para o Clima, ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável, MUBI – Associação pela Mobilidade Urbana em Bicicleta, Movimento Vida Justa, Movimento Cívico pela Estação Nova (Coimbra), Movimento SOS Terras do Cávado, STFPSN – Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais do Norte, Climáximo e Frente Grisalha pelo Clima. Está disponível a partir de hoje, no sítio internet de petições públicas (https://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT122241), e propõe quatro eixos de intervenção:

  • A criação de um Passe Nacional Multimodal sustentável assente em investimento público na ferrovia. Este deve incluir a ferrovia em articulação com as redes locais e regionais de transportes públicos (ferrovia, metropolitanos, rodoviários, bicicletas partilhadas públicas e afins). O seu valor deverá acrescer apenas cinco euros aos actuais passes metropolitanos, tendo assim um valor final de 45 Euros. Deverá ainda ser acompanhado do investimento em material circulante, infraestruturas e na contratação de trabalhadores com carreiras e condições laborais dignas e atractivas;
  • Melhor oferta para que o direito à mobilidade não obrigue a ter automóvel. Para tal, é necessário garantir a acessibilidade à rede de transportes públicos regulares (ferroviário, rodoviário) e a pedido para toda a população no conjunto do território, assegurando tempos de viagem para os principais pontos de residência, trabalho, serviços e lazer comparáveis com os do transporte individual. Para tal, as organizações defendem ser necessárias, entre outras acções, carreiras com horários frequentes, regulares e fiáveis e redes de vias dedicadas para transporte público rodoviário em zonas congestionadas;
  • Mobilidade eléctrica ao serviço de uma transição justa, o que contempla investir num plano de electrificação de transportes a partir de fontes limpas e electrificar todas as linhas ferroviárias, o transporte terrestre de mercadorias e substituir as frotas rodoviárias por outras não poluentes. Para os empregos criados por este plano, as organizações consideram fundamental garantir a contratação de trabalhadores provenientes das indústrias fósseis sem perda de salário e direitos laborais, envolvendo as organizações representativas dos trabalhadores nesta transição;
  • Segurança e conforto para os modos activos. Isto é, priorizar a segurança e conforto de quem se desloca a pé e/ou de bicicleta em torno de interfaces de transportes públicos. Para tal, defende-se a transformação dos espaços públicos de acesso às grandes interfaces de Transporte Público, de forma a torná-los confortáveis e seguros para caminhar e usar a bicicleta (pelo menos os acessos até 700 metros das estações ferroviárias e de metro e até 300 metros das interfaces rodoviárias) e disponibilizar estacionamento para bicicletas e pontos de bicicletas partilhadas nestas interfaces.

DR Foto: Jonas Jacobsson na Unsplash