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Urge proteger os carvalhos-negrais da Serra de São Mamede

Ao longo das últimas semanas a Quercus registou muitas dezenas de Carvalhos-negrais (Quercus pyrenaica) com as folhas secas em vários concelhos do Parque Natural da Serra de São Mamede (Castelo de Vide, Marvão e Portalegre). Com base na distribuição desta espécie no Parque estimam-se que possam estar afectadas milhares de árvores.

No ano passado verificou-se um fenómeno semelhante durante o mês de Agosto, avança a Quercus em comunicado. Na altura a associação ambientalista alertou o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) para este facto e questionou o que estaria a acontecer e o que poderia ser feito. O assunto foi exposto pela Quercus em várias reuniões da Comissão de Co-gestão do Parque Natural da Serra de São Mamede, sem que se tivesse obtido qualquer resposta.

Neste momento verifica-se que as árvores com folhas secas aparecem em áreas maiores e em meados do mês de Julho. A Quercus alertou novamente o ICNF para o que se está a passar este ano.
O fenómeno deste ano, segundo a Quercus, pode estar ligado à seca e ao calor intenso que se faz sentir. A Quercus apela a que se faça uma investigação rigorosa do fenómeno pois receia que o ecossistema da Serra de São Mamede possa estar em perigo.

O carvalho-negral encontra-se na parte norte da Serra de São Mamede, com influência atlântica, onde existe mais humidade. Esta serra constitui praticamente o limite Sul da distribuição desta espécie em Portugal, constituindo uma espécie de ilha ecológica, rodeada pela planície alentejana, de influência mediterrânica, mais seca.

Os locais onde existem carvalhos-negrais são habitats para uma grande diversidade de seres vivos, desde aves, mamíferos, insectos, répteis e anfíbios, até uma grande variedade de cogumelos. A seca destas árvores pode levar à destruição destes ecossistemas. Nas zonas onde o carvalho-negral sofreu desflorestação verifica-se uma erosão dos solos irreversível, por isso tem de se destacar o importante papel das suas raízes, que fixam o solo solto e que bombeiam nutriente do subsolo para a superfície.

Para a associação ambientalista é importante que se investigue a fundo a causa da sua seca e que se tomem medidas para conservar esta espécie, que não tem protecção legal fora das zonas especiais de conservação da Rede Natura 2000, apesar de ao longo dos últimos anos a Quercus ter apelado por diversas vezes para a sua protecção, pelo alto valor conservacionista que esta espécie apresenta.

A Quercus salienta ainda que adoptou como símbolo uma folha e uma bolota de Quercus pyrenaica, espécie representativa da floresta autóctone e da biodiversidade portuguesa, que urge proteger.

DR Fotos: Cedidas por Quercus