< Voltar

Arquitectos alvo de fraudes do Médio Oriente

A Ordem dos Arquitectos foi alertada para a existência de encomendas fraudulentas por parte de empresas do Médio Oriente.

Esta situação não é novidade, já que vários casos têm ocorrido nos últimos tempos. As encomendas de projectos de arquitectura estão condicionadas ao registo dos arquitectos junto de supostas instituições oficiais, mas a realidade é que muitas vezes essas entidades não existem.

Segundo declarações da Ordem dos Arquitectos (OA), os casos a que tem “acesso são, normalmente, relatos da parte de arquitectos que tentaram ser seduzidos, vulgo ‘fishing’, com ofertas de trabalho por empresas estrangeiras – ultimamente referenciadas como sendo do Médio Oriente. Neste passado triénio tivemos alguns, poucos, relatos de membros que originaram alertas difundidos através dos meios de comunicação da OA – websites e redes sociais”.

Um desses casos prendeu-se com o Qatar. Alguns ateliers foram contactados no sentido de concorrer a um trabalho no Qatar, através da entrega de um portfolio. Após receber esse portfolio a empresa oferecia a viagem para duas pessoas do atelier ao Qatar, após aceitar a candidatura, pedindo, no entanto, um registo numa Associação de Arquitectos do Qatar, por intermédio de uma organização de acreditação com apoio de delegados na Europa que agilizavam o processo. Essa inscrição teria de ser feita mediante o preenchimento de um requerimento e de um pagamento de quotas via Western Union. O contacto era estabelecido por uma empresa do Kuwait, que supostamente queria construir um hotel no Qatar. A empresa chamava-se Al Lateef Group com sede, supostamente, no Kuwait. A inscrição tinha de ser feita na Organização de Acreditação Architect’s Accreditation Registration Council of Qatar que, por sua vez, solicitava outro pagamento por via de Western Union Transfer para o seu representante internacional de acreditação. Essa dita organização ainda pedia outro pagamento para um Qatar Institute of Architects para finalizar o registo.

A OA explicou que “o nosso departamento de relações internacionais tem reportado os casos à Polícia Judiciária (PJ) e à Procuradoria-Geral da República. Em alguns casos são os próprios arquitectos a fazer esta denúncia junto da PJ tendo-lhes sido transmitido a ideia de se considerar importante que tal informação seja difundida, de modo a evitar burlas e a precaver este tipo de contactos”.

A OA tem “vindo, pois, a considerar a difusão da informação, com recurso a elementos factuais de ocorrências relatadas, uma medida de alerta que se reveste de alguma eficácia, por forma a evitar situações idênticas de burla junto dos membros da OA”.

Por isso mesmo, adverte aos arquitectos para a necessidade de procurar verificar a identidade das empresas, quer por contacto directo através de contactos públicos, quer, sempre que seja possível, através da verificação por terceiros.

Carla Celestino