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“A Minha Casa é a Tua Casa”

Esta exposição vai estar patente na Galeria Municipal de Matosinhos, de 24 de Maio a 30 de Agosto. Neste espaço, as casas imaginadas por diversos artistas serão temporariamente a nossa casa.

O título desta exposição corresponde à expressão com que asseguramos a alguém que a nossa hospitalidade é sincera; também institui a casa enquanto centro de uma relação entre duas ou mais pessoas? Dialética que pode sintetizar a dinâmica entre artista e espectadores: as casas imaginadas por artistas serão temporariamente a nossa casa.

É, de facto, muito considerável a quantidade de artistas para quem a casa é tema e pretexto. Os artistas e as obras presentes nesta exposição colocam o doméstico e o quotidiano no centro das suas preocupações, propondo diferentes interpretações daquilo que se entende por casa. Para alguns, como Patrícia Garrido e Pedro Cabrita Reis, ela é abrigo, lugar protector de espera, evocador de estados e sentimentos como a solidão e a melancolia; para outros, casos de Ana Vieira, Juan Muñoz, Bruce Nauman e Gil Heitor Cortesão, ela é o local ideal para, através de um escalpelo analítico, identificar e falar de neuroses, de repressões; para outros ainda como Martha Rosler é um exemplo paradigmático, a casa, mais concretamente a cozinha, é símbolo da condição feminina e portanto cenário e objecto das mais ferozes críticas ao papel tradicional da mulher.

Independentemente do ângulo adoptado, a casa parece sempre encetar um jogo subtil entre o privado e o público. Talvez por isso alguns dos artistas presentes em “A Minha Casa é a Tua Casa” sublinhem a relação da casa com a rua e com a cidade, dedicando-se a pensar questões eminentemente urbanísticas, tal é o caso de Ângela Ferreira, Gordon Matta-Clark e Luís Palma.

Aos ideais utópicos e de libertação do homem que estiveram na base da arquitetura e do urbanismo modernistas, estes artistas contrapõem modelos vernaculares de ampliação de casas (as marquises) ou um território desordenado em que se mesclam organismos urbanos e rurais, outrora coerentes e estanques.

As casas destes artistas são a nossa casa.