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“I don’t care, I love it”

Esta foi uma das muitas músicas mixadas pelo DJ Pedro Sampaio no último dia do Rock in Rio (RIR) com lotação esgotada. Num fim-de-semana de grandes emoções, entre Carnaval, palavras de ordem em prol da Palestina e muitos bum bum a abanar, ninguém quis saber dos obstáculos da vida e vibraram com a Cidade do Rock. A próxima edição já está marcada para 2026 no Parque Tejo.

Artigo de: Carla Celestino, directora da Magazine Imobiliário

DR Foto: Rock in Rio

O terceiro dia do Rock in Rio arrancou muito calminho, com menos pessoas e muito à vontade para descobrir todo o recinto.

Abordámos um casal que nos disse que tinham estado no fim-de-semana anterior a ver o Ed Sheeran: “Adorámos! Ele foi espectacular!”

Questionámos como chegaram ao RIR: “Ouvimos muitas queixas de amigos em relação ao regresso a casa no sábado, ainda assim como não conhecíamos o espaço optámos por ir e vir para a estação do Oriente, mas não chegámos a tempo do último comboio, pelo que a opção foi ir de metro e depois ubber.”

No dia 23 de Junho optaram por ir de comboio até Sacavém: “Fomos tão otários, Sacavém fica a duas estações depois do Oriente e a pé fica a cinco minutos da entrada do RIR. Aconselhamos a todos os que vêm de comboio a fazer o mesmo.” Fica o conselho para 2026.

Dia gostoso

DR Foto: Reprodução / Facebook Ivete Sangalo

Mas vamos a concertos. Os portugueses marcaram pontos com grandes espectáculos. “O Monstro precisa de amigos” revelou que os Ornatos Violeta têm uma legião de amigos e que eles são realmente “monstros” do rock português. Já Carolina Deslandes com a sua “Saia da Carolina” (e não só) arrebatou o público completamente.

O furação Ivete Sangalo deu, como já nos habituou, a um espectáculo colossal entre a música, o Carnaval e mensagens que foram direitinhas ao coração dos espectadores, houve quem tivesse lágrimas nos olhos. “Velha?”, dizia ela, nós dizemos longe disso…

O dia não podia ter corrido melhor. Portugal triunfa em todos os ecrãs do RIR com três golos frente à Turquia e no intervalo temos direito a um espectáculo Big Show SIC que pôs todos literalmente a dançar de um lado para o outro. Isso é que foi “poira!!!”

DR Foto: Reprodução / Facebook Macklemore

As expectativas eram elevadas para o rapper Macklemore e ele não desiludiu. Apelou a que não usassem telemóveis, à causa da Palestina e a outras causas, levou duas miúdas a dançar ao palco e levou ao rubro o público com “These days” e “Glorious. Houve uma grande cumplicidade entre o palco e o público, esperemos que regresse a Portugal para mais um concerto.

Ao contrário dos Europe, desta vez quem esteve longe do Palco Galp conseguiu ouvir, ver e curtir os James. Eu que assistiu ao seu concerto no Coliseu dos Recreios há um bom par de anos, sei que o registo actual é diferente, mas não menos encantador.  Entre a sua voz e as vozes femininas, entre um espectáculo visual belíssimo, foi muito bom, entre outros êxitos, ouvir “Sometimes”. Porque “sometimes” (às vezes), basta só ouvir ao vivo esta banda para ficarmos de alma cheia de musicalidade.

 

E os miúdos Jonas Brothers (já não tão miúdos) conquistaram logo os fãs com “What a Man Gotta Do” e daí em diante não mais pararam. Entre os gritinhos e as salvas de palmas bastou o “When You Look Me in the Eyes” para todos derreterem e caírem a seus pés. Como dizia uma mãe que estava a meu lado, cuja filha mostrava ser fã da cabeça aos pés: “Os putos são lindos e cheios de talentos, ficam no ouvido, são contagiantes, não dá para não gostar!”.

Ainda houve tempo para um waffle e partimos na noite com um gosto doce na boca.

“Um mar de gente”

Ui, o que dizer do último dia do RIR. As mulheres e o som do Brasil dominaram claramente!

  

DR Fotos: Reprodução/Facebook Camilla Cabello, Doja Cat e Luisa Sonza

Camila Cabello, agora “loira tingida” como ela própria o disse, levou ao palco um espectáculo com uma grande cenografia, com bicicletas, baloiços e um ambiente tropical muito “caliente”. Entre novas canções e o degustar de um pastel de nata, não faltaram os êxitos “Havana” e “Senhorita”. Pareceu-nos, no entanto, que passou mais tempo a seduzir as câmaras que a interagir com o público. Ainda que tenha falado em “Lisboa” e em “Cristiano Ronaldo” que arrecadou alguns assobios do público, mas nada que ela não tivesse à altura para os mandar dar uma volta.

Doja Cat entra em palco com sangue no nariz e logo começam os comentários: “Está a sangrar ou é maquilhagem?”. Uns acham que é “expressão artística” e “forma de contestar”, outros “somente uma coisa parva.” O que é certo é que, entre chamas de fogo e muita irreverência, quando ela gritou “tenho uma canção que talvez conheçam” o público fiel acompanhou “Get Into It (Yuh).” E mais uma vez ouviu-se em português e não em inglês: “Lisboa!”

Uma artista – Luisa Sonza – que lança um álbum intitulado “Escândalo Íntimo” fazia prever no RIR um espectáculo sensual, com muito bum bum arrebitado e danças provocadoras. E também canções, claro. Ficámos a saber que tem um namorado português e talvez por isso a cantora gaúcha tenha subido ao palco de lencinho na cabeça. Quem assistiu soube cantar todas as músicas, tendo “Chico”, “Luísa Manequim” e “Sentadona” levado ao rubro o público.

 

DR Foto: Reprodução / Rock in Rio Instagram

 

A noite fechou com o DJ Pedro Sampaio e que espectáculo! Mudámos a letra de “Dançarina” porque ele merece: “Esse menino é um puro talento, Descendo, Joga a mãozinha pro alto, Quem tá enlouquecendo…” E quem enlouqueceu foi o público com as letras mais conhecidas, mixagens com velhos e novos êxitos, danças sexy e saltos, pirotecnia… No final foi Pedro Sampaio, de bandeira portuguesa em punho e uma voz embargada pela emoção e lágrimas nos olhos, vendo “Um mar de gente” (suas palavras) partilhou o que lhe ia na alma: “Portugal, eu amo muito vocês!” Depois destas palavras ‘instagramáveis’ as redes sociais estiveram ao rubro.

Em contagem decrescente para 2026

DR Foto: Rock in Rio

A organização já revelou que o RIR regressa em 2026 no espaço do Parque Tejo. Apesar das queixas no acesso e da mobilidade dentro do espaço, segundo um estudo realizado pela Multidados, “70% dos participantes” preferiram este recinto ao Parque da Bela Vista. A Democracia e os números venceram!

E os dados estatísticos não poderiam ter sido melhores: 300 mil pessoas passaram pela Cidade do Rock, com os dias 15, 16 e 23 de Junho a ter lotação esgotada; mais de 4,7 milhões de pessoas assistiram através da TV; mais de quatro milhões de pessoas estiveram sintonizadas com o RIR via rádio; existiram mais de 18 milhões de impressões nos conteúdos multiplataforma – trending topic nas redes sociais; mais de 2.000 notícias foram publicadas; e houve mais de 30 mil horas de visualizações de live streaming.

Há outros números de que também vale a pena falar: foram produzidos 500 mil copos reutilizáveis, com os quais se evitou a produção de 10 toneladas de resíduos; e a utilização de geradores mais eficientes permitiu uma redução de 80% de emissões no consumo de gasóleo e uma redução de 15% de gasóleo nos geradores.

Recorde-se que foi pela mão do empresário brasileiro Roberto Medina que o Rock in Rio nasceu em 1985. 20 anos depois afirma-se e confirma-se como um dos maiores festivais musicais do mundo!

DR Foto Homepage: Rock in Rio