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Música ao “vivo e a cores” só em Setembro

O Governo aprovou, durante a reunião do Conselho de Ministros, um conjunto de medidas extraordinárias para darem resposta à situação epidemiológica provocada pela Covid-19. No âmbito dos festivais e espectáculos de música serão adiados até 30 de Setembro de 2020, pelo que são já muitos os organizadores que adiaram os seus eventos para 2021.

O Govrno anunciou que foi aprovada a proposta de lei, a submeter à apreciação da Assembleia da República, que estabelece medidas excepcionais e temporárias de resposta à pandemia da doença Covid-19 no âmbito cultural e artístico.

Neste contexto, impõe-se a proibição de realização de festivais e espectáculos de natureza análoga, até 30 de Setembro de 2020, e a adopção de um regime de carácter excepcional dirigido aos festivais e espectáculos de natureza análoga que não se possam realizar no lugar, dia ou hora agendados, em virtude da pandemia.

Para o caso de espectáculos cuja data de realização tenha lugar entre o período de 28 de Fevereiro de 2020 e 30 de Setembro de 2020, e que não sejam realizados por facto imputável ao surto da pandemia da doença Covid-19, prevê-se a emissão de um vale de igual valor ao preço do bilhete de ingresso pago, garantindo-se os direitos dos consumidores.

Este anúncio já provocou reacções por parte de várias organizações de festivais e espectáculos de música do País.

Em declarações à agência Lusa, Tiago Castelo Branco, director executivo da MOT, empresa do grupo Braver, promotora do Somnii que decorre na praia do Relógio,  na Figueira da Foz, afirmou: “Seremos o primeiro festival a anunciar o mesmo cartaz” nos dias 9 e 11 de Julho 2021.

Também a edição de 2020 do Festival Paredes de Coura, marcada para os dias 19, 20, 21 e 22 de Agosto, foi adiada para 2021, à semelhança do Vilar de Mouros e do festival Neopop, que se realizam no Alto Minho. O director do Paredes de Coura, João Carvalho, avançou à Lusa que “gostaria, se o Governo e as autoridades de saúde o permitirem, de fazer algo no Inverno” e “se for possível, porque nem pensar pôr em risco alguém”.

Já o director da Pic-Nic, promotora do festival Primavera Sound, no Porto, disse à Lusa que “quando em 30 de Março adiámos a 9.ª edição para 4, 5 e 6 de Setembro [inicialmente estava previsto para Junho), parecia-nos uma boa ideia, porque ainda ninguém tinha muito consciência do que seria a evolução da pandemia da Covid-19. Agora, que já sabemos as linhas com que nos estamos a coser, é completamente impossível que haja a edição em 2020 e, portanto, estamos a tratar, a ultimar, o adiamento para 2021”. José Barreiro deixa a nota de que o cartaz para 2021 “está a correr muito bem”.

Também a organização do MEO Marés Vivas de Vila Nova de Gaia, afirmou que é com “grande tristeza” mas com um “enorme sentido de responsabilidade” que a “Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, MEO e PEV Entertainment” vêm tornar pública a “decisão difícil” de não realizar este ano o festival que fica agendado para 16 e 18 de Julho de 2021.

Recorde-se que no mês de Abril, em pleno Estado de Emergência, a organização do Rock in Rio Lisboa antecipava o actual cenário e anunciava o adiamento do evento para 19, 20, 26 e 27 de Junho de 2021, assegurando que os bilhetes já adquiridos iam continuar a ser válidos no próximo ano. Na página do Facebook esta situação era oficializada: “Em Junho de 2021 e de 2022, vamos poder festejar, sem sequer deixar espaço para a saudade! Até lá, vamos continuar a sorRiR!”.

Álvaro Covões da Everything is New organizadora do NOS Alive e também presidente da APEFE – Associação de Promotores de Espectáculos avançou que a paragem da actividade desde Março já forçou o adiamento ou cancelamento de cerca de 27 mil espectáculos.

Foto: Antoine Julien on Unsplash