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A resiliência das rendas do mercado de escritórios

Aqueles que acompanham o comportamento do mercado imobiliário de escritórios em Portugal provavelmente já perguntaram: Como é que as rendas conseguiram manter-se estáveis, e até mesmo subir, num período de transacções, tão pouco dinâmico, como tem sido 2023?

Artigo de autoria de Bernardo Vasconcelos, head of Agency da WORX

Bernardo Vasconcelos, head of Agency da WORX

Como na maioria das questões relacionadas com as dinâmicas de mercado, não há uma única resposta definitiva. É, na verdade, uma interacção complexa de circunstâncias, algumas mais evidentes do que outras. Uma das circunstâncias que parece ter tido um papel crucial é a relação entre a oferta de novos edifícios de escritórios e a procura actual. Os novos activos que surgiram foram absorvidos de forma gradual e constante pelo mercado, evitando a saturação de espaços desocupados disponíveis. Essa saturação certamente pressionaria as rendas, especialmente nas áreas periféricas de Lisboa e em edifícios mais antigos. Basta retroceder uma década para compreender o impacto que isso teve nas rendas e nas negociações naquela época…

Outro factor relevante tem sido o esforço de investidores e proprietários em oferecer incentivos alternativos para atender às necessidades dos inquilinos, dando prioridade a discussões sobre períodos de carência ou contribuições financeiras para a adaptação dos espaços, em vez de reduções directas nas rendas. Essas estratégias afectam a receita líquida do activo, mas geralmente envolvem outras concessões dos arrendatários como prazos contratuais mais longos.

Por último, mas não menos importante, o foco na obtenção de certificações de sustentabilidade e critérios mais rigorosos para a renovação de activos existentes também têm justificado o aumento das rendas em propriedades mais antigas, contribuindo para a resiliência das rendas que temos observado.

DR Fotos: Israel Andrade na Unsplash