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Quando se considera uma casa de férias como segunda residência?

No mundo imobiliário de luxo, a linha entre uma casa de férias e uma segunda residência pode ser bastante ténue. O mercado de propriedades premium tem testemunhado uma transformação significativa nos últimos anos, impulsionada por mudanças nas preferências dos compradores, a ascensão do trabalho remoto e um maior ênfase no bem-estar e na qualidade de vida.

Artigo de: Daniela Rebouta, Sales Director Engel & Völkers Lisboa & Oeiras

Tradicionalmente, uma casa de férias era um refúgio ocasional, usado apenas algumas semanas por ano para escapar da rotina diária. Esses imóveis, muitas vezes localizados em destinos exóticos ou áreas turísticas, proporcionavam uma pausa temporária da vida quotidiana. No entanto, a definição e o uso dessas propriedades têm vindo a evoluir bastante. A pandemia de COVID-19 acelerou a adopção do trabalho remoto, permitindo que muitas pessoas trabalhem de qualquer lugar com uma boa conexão à internet. Este novo paradigma tem levado muitos a reconsiderar o conceito de residência principal e casa de férias. Em vez de visitar esporadicamente, os proprietários estão a optar por passar meses nas suas propriedades de férias, transformando-as em verdadeiras segundas residências.

Uma casa de férias começa a tornar-se uma segunda residência quando a frequência e a duração das estadas aumentam significativamente. Se um proprietário passa várias semanas, ou até meses, na sua casa de férias durante o ano, ela transcende o papel de um simples refúgio e assume características de uma residência secundária. A presença regular não só altera a dinâmica do uso do imóvel, mas também influencia a economia local e a comunidade. O nível de investimento que um proprietário faz na sua casa de férias também é indicativo da sua evolução para uma segunda residência. Melhorias substanciais, como obras, instalação de sistemas de segurança avançados e personalização de espaços de trabalho, sugerem uma intenção de uso mais prolongado e frequente. Esses investimentos reflectem uma intenção de criar um ambiente que não é apenas para lazer, mas também para conforto e funcionalidade diários.

A integração do proprietário à comunidade local é outro factor determinante. Quando uma pessoa começa a participar activamente de eventos locais, estabelece relacionamentos com vizinhos e contribui para a vida social e económica da área, o que faz com que a casa de férias assuma uma nova identidade. Este envolvimento cria raízes emocionais e práticas, reforçando a transição de um espaço de refúgio para uma residência secundária. É importante considerar as implicações legais e fiscais desta transição. Em muitos lugares, a categorização de uma propriedade como residência principal ou secundária tem implicações fiscais diferentes. Os proprietários devem estar cientes das regulamentações locais e das possíveis mudanças nas suas obrigações fiscais ao usar suas casas de férias com mais frequência.

A definição de uma casa de férias evolui à medida que as necessidades e estilos de vida dos proprietários mudam. No cenário imobiliário de luxo, essa transição é particularmente notável. Quando a frequência de uso, o investimento em infra-estrutura e o envolvimento com a comunidade aumentam, uma casa de férias transforma-se naturalmente numa segunda residência.

DR Foto: VJ Von Art na Unsplash / Cedida por Engel & Völkers