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“2014 foi um ano excepcional para o mercado imobiliário”

Esta afirmação foi proferida pelo managing partner da Cushman & Wakefield (C&W) em Portugal durante a apresentação dos resultados da consultora relativos a 2014. Eric van Leuven tem motivos para estar optimista, é que tiveram um aumento de facturação na ordem dos 45% e tudo indica que 2015 será ainda melhor.

2014 foi um ano “excepcional para o mercado imobiliário”, afirmou Eric van Leuven. Para tal muito contribui o regresso dos investidores estrangeiros e a recuperação dos mercados ocupacionais especialmente de escritórios e de retalho. E se pensa que são os chineses a dominar este investimento, desengane-se!

O volume de investimento imobiliário no sector comercial atingiu os 700 milhões de euros em 2014, cabendo a fatia de 80% aos investidores estrangeiros. Deste valor, 330 milhões de euros foram provenientes de investidores norte-americanos. Entre as grandes aquisições contam-se alguns fundos de private equity, nomeadamente Blackstone e Meyer Bergman. O managing partner da C&W acredita que em 2015 estes “comprem mais” e sejam “seguidos por outros com perfil de investimento semelhante”.

Se em 2007 o investimento era maioritariamente nacional ou europeu, em 2014 o investimento foi dominado pelos EUA, China e Brasil. O partner de Capital Markets da C&W, Luís Rocha Antunes, avançou que fizeram vários contactos com investidores do Chile, do México, de Singapura, da Malásia, de África-do Sul, entre outros, mas que foi um “interesse sem concretização”.

Se para o mercado 2014 foi um ano bom, para esta consultora foi ainda melhor. Só no ano passado, a C&W obteve um aumento de facturação na ordem dos 45% relativamente a 2013, isto em todas as linhas de serviços. Para se ter uma noção, refira-se que a área de escritórios triplicou o seu volume de negócios, enquanto as áreas de investimento e retalho duplicaram a sua facturação comparativamente a 2013. Até mesmo as áreas não-transacionais, sobretudo a área de gestão de imóveis e a de avaliações, obtiveram resultados muito positivos.

O departamento de investimento da C&W foi responsável por mais de 40% das transacções registadas em Portugal, com destaque para a compra de um portfólio de imóveis de retalho e logística, da Blackstone à ESAF, o envolvimento na venda do Freeport, a venda do edifício Chiado 12 em representação da JPMorgan/Imopólis, e a transacção de quatro edifícios para reabilitação urbana.

Já a equipa de escritórios obteve os melhores resultados de sempre, tendo estado envolvida no arrendamento de cerca de 28.500 m2 de novos escritórios, nos quais se incluem a conclusão do arrendamento da totalidade da Torre Ocidente a várias entidades, nomeadamente a uma “grande empresa do sector financeiro”, além de inúmeros processos de renegociação de contratos.

O departamento de retalho ultrapassou largamente o objectivo traçado inicialmente pela consultora, com destaque para as transacções realizadas na Avenida da Liberdade que somaram mais de 4.000 m2 e das quais se salientam a nova flagship store da Ermenegildo Zegna, da Hugo Boss, bem como as primeiras lojas em Portugal da Hackett, Cos e Juliana Herc, entre outras.

Mas a operação mais pequena foi a que mais curiosidade suscitou e também a que, segundo, Eric van Leuven, se traduziu na “operação mais cara”. Está-se a referir à venda da Casa da Sorte, na zona do Chiado, a um investidor privado e posterior arrendamento à Confeitaria Alcoa, em que, como a Head of Retail da C&W, Sandra Campos, explicou “foi necessário dar ‘incentivos’ para retirar uma loja ancestral localizada numa esquina histórica”.

Uma das áreas que poderá vir a dar que falar é a dos centros comerciais. Depois de um período de estagnação onde se registou apenas, no ano passado, a inauguração do Alegro de Setúbal (no qual a equipa da C&W esteve envolvida na comercialização tendo aberto portas com uma taxa de ocupação próximo dos 100%) e onde continuam com um futuro incerto os shoppings de Évora e Braga, Eric van Leuven afirmou que “alguns bons centros comerciais vão ser colocados novamente no mercado em 2015”, para os quais “vão ser vários os interessados a ir ao mercado procurar negócio”.

Uma área que continua em estagnação é a do industrial e terrenos. Ainda assim a C&W conseguiu ter “um ano muito activo”, alavancado sobretudo nos trabalhos de assessoria e de representação de inquilinos na renegociação de contratos e na identificação e negociação de novas soluções imobiliárias para ocupantes. Exemplo disso foi a grande operação de arrendamento de espaço para logística com 11.100m² da antiga propriedade da Garcias em Alverca.

Para 2015, Eric van Leuven encara o ano com “renovada confiança” embora com “cautela”, devido à fragilidade da recuperação económica, ao facto de ser um ano de eleições e de existirem tensões geopolíticas. Salienta, no entanto, que “o excesso de liquidez em muitas geografias e a procura de rendibilidade irão continuar a beneficiar o mercado português”. Prevendo ainda um “continuado decréscimo das yields para produto prime, implicando ganho de valor”.