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Estão os edifícios ibéricos mais saudáveis?

Esta foi a grande questão colocada pelo Grupo VELUX, marca de janelas de telhado, janelas para coberturas planas, túneis de luz, cortinas e estores, na apresentação do Barómetro de Edifícios Saudáveis (Healthy Homes Barometer), que decorreu em Madrid. A Magazine Imobiliário esteve presente e constatou que há muitas preocupações nesta matéria, mas nem tudo é mau…

Artigo Carla Celestino, directora Magazine Imobiliário em Madrid

O Barómetro de Edifícios Saudáveis foi elaborado pelo Instituto Europeu de Desempenho de Edifícios (BPIE) e, nas palavras de Fleming Voetmann, vice-presidente de Relações Externas e Sustentabilidade do Grupo VELUX, “pode servir tanto de inspiração como de ferramenta concreta para os decisores políticos, apresentando recomendações e exemplos concretos.”

O relatório avança que a Europa ainda está muito longe de ter edifícios saudáveis e sustentáveis. Para se ter uma noção, “as renovações precisam de aumentar 1400% para atingir as metas da União Europeia (UE).” No que concerne à qualidade do ar interior, “um em cada quatro europeus vive em edifícios onde a qualidade do ar interior está abaixo dos padrões nacionais.” Já para não falar que, em 2020, “as emissões de CO2 foram 18% superiores ao que deveriam ser para cumprir os objectivos climáticos da UE.”

A esta realidade acresce outra: mais de 30 milhões de cidadãos são afectados por viver em espaços demasiado escuros, com um impacto negativo na saúde mental e física.

Mas nem tudo é negativo, segundo este barómetro, “o custo da renovação de todo o parque habitacional ineficiente da UE poderia ser recuperado em apenas dois anos e poupar 194 mil milhões de euros em benefícios sociais equivalentes (como menos faltas por doença, melhor desempenho no trabalho e na escola, etc.).” Ao nível das casas, o cumprimento das normas de eficiência energética da UE poderia “poupar 44% da energia final utilizada para aquecimento.”

Saúde dos edifícios tem impacto nas nossas vidas

Como estão, então, os edifícios da Europa em relação à saúde? Almudena López de Rego, VELUX Spain specification manager, na sua apresentação em Madrid, destacou o “enorme impacto” que o “interior dos edifícios tem nas nossas emoções, bem-estar e produtividade”, local onde passamos grande parte das nossas vidas. Por isso, defende que, sendo uma prioridade europeia, temos de “começar a reabilitar de uma outra forma”, fazer edifícios “mais sustentáveis e resilientes”.

Os números apresentados por Almudena revelam que na Europa deveríamos “multiplicar por 14 o número de habitações que reabilitamos anualmente, sendo o número de edifícios reabilitados em Espanha de 10% e em Portugal de 30%.”

Recordou que o ar interior dos edifícios é determinante na saúde das pessoas, quer a nível físico, podendo provocar alergias ou problemas graves respiratórios, quer mental, com casas muito escuras e húmidas. É essencial, como disse, “inverter esta realidade” porque não se trata de “pobreza energética”, mas de uma “questão de saúde”.

Outro destaque foi o contacto com a luz natural, com “30 milhões de europeus a dizer que as suas casas têm luz natural insuficiente”. Como explicou: “Mais luz natural é ter mais energia, mais engenho e mais criatividade.”

Em Espanha multiplicou-se por dois o número de pessoas que dizia que vivia com luz natural insuficiente, as “pessoas deram-se conta desta realidade quando se confinaram em suas casas (pandemia Covid-19).”

Em Espanha, desde 2020 até ao momento, “mais de 70% das famílias declararam que não conseguem manter as suas casas aquecidas durante o Inverno”, avançou Almudena.  Anos, recorde-se, em que o preço da energia disparou e a inflação aumentou com impacto na vida económica das pessoas, mais moderadas nos gastos energéticos.

Em Portugal, “mais de um quarto da população vive com humidade em casa, com goteiras, infiltrações” e, como tal, “o frio e a humidade são os factores que têm maior impacto na saúde das casas portuguesas.”

Do lado oposto, as ondas de calor também são preocupantes, com os edifícios pouco preparados para enfrentar o aquecimento global. “Mais de um terço dos portugueses são incapazes de manter a sua casa a uma temperatura confortável durante o Verão. E mais de um quarto dos espanhóis estão nesta mesma situação.”

O “isolamento é fundamental”, sendo “válido para o frio como para o calor”, salientou. Tendo em conta que temos de “encontrar o equilíbrio e os dispositivos de controlo solar adequados”, destacou a importância da luz natural, de ventilar e sombrear.

No que diz respeito ao posicionamento verde dentro das 38 cidades europeias, “Espanha está na 6ª posição e Portugal na 10ª”, como disse, “muito bem posicionadas.”

Almudena López de Rego sublinhou ainda que “Portugal está muito adiantando” e é “pioneiro na quota de energias renováveis (42%), um trabalho que os outros países também têm de fazer.”

O evento terminou com uma mesa redonda que contou com a participação de Almudena López de Rego, Alfredo Sanz, head of the General Council of Technical Architecture of Spain, Maria José Navarro, designer de interiores e a moderação da copywriter e jornalista freelancer da VELUX, Verónica Barrado. Todos estiveram de acordo que é necessário haver uma maior intervenção europeia e de cada país na promoção de acções concretas e bem definidas em prol de edifícios mais saudáveis, sustentáveis e resilientes.

DR Fotos Edifícios: Cedidas pelo Grupo VELUX