< Voltar

Incentivar o regresso aos escritórios

O arrendamento de espaços de escritórios prime nas principais cidades do mundo aumentou 1,1% no ano passado (desde o primeiro trimestre de 2023 ao primeiro trimestre de 2024), reportou o mais recente estudo Impacts da Savills.

De acordo com a consultora, à medida que a tendência estrutural de procura de espaços de escritório de alta qualidade continua em 2024, os níveis de ocupação de escritórios continuam a subir, evidenciando o esforço de muitas empresas em incentivar o regresso dos funcionários ao escritório, investindo no aumento da qualidade do espaço disponível.

Segundo o estudo da Savills, as taxas de utilização de escritórios continuaram a aumentar em todas as principais regiões, embora ainda se verifique uma grande divisão entre as localizações da Ásia-Pacífico, que têm mantido consistentemente uma forte cultura de escritório, e a Europa e América do Norte, onde se enraizaram práticas de trabalho mais flexíveis.

Esta tendência reflecte-se nos custos para os inquilinos de escritórios prime: os custos efectivos líquidos aumentaram mais nas regiões onde as taxas de ocupação são mais baixas, à medida que os inquilinos tendem a investir em espaços de escritórios prime para potenciar o regresso ao escritório e também para cumprir os requisitos de sustentabilidade. Nos mercados da Europa, Oriente Médio e África (EMEA) e da América do Norte, os custos efectivos líquidos anuais cresceram em média 4,8% e 2%, respectivamente, em relação ao ano anterior. Por sua vez, na Ásia-Pacífico aumentaram apenas 0,6%. embora o quadro varie trimestralmente de cidade para cidade.

Conforme reportado pelo Impacts, parte do aumento dos custos para os inquilinos foi compensado por concessões e incentivos dos proprietários: os gastos gerais dos proprietários com os custos de fit out (excepto turn-key space) estão a aumentar na América do Norte e na Europa. Desde o primeiro trimestre de 2019, o custo médio dos proprietários com projectos de fit out aumentou aproximadamente 37,5% nos 35 mercados monitorizados pela Savills. No entanto, este incremento não corresponde ao aumento dos custos de fit out de forma mais ampla, o que resultou na diminuição dos gastos dos proprietários como percentagem dos custos totais de fit out para 23,4% no primeiro trimestre de 2024, em comparação com 26,8% no início de 2019.

“As empresas procuram, cada vez mais, oferecer as melhores condições aos seus colaboradores para incentivar o seu regresso ao escritório. As gerações mais jovens, nomeadamente, dão grande prioridade ao bem-estar, ao desenvolvimento profissional e às experiências, factores essenciais nos espaços de escritórios de hoje em dia. Edificios que tenham espaços verdes, restaurantes ou ginásio e spa na sua envolvência, entre outros, que promovam o equilíbrio entre vida pessoal e profissional são cada vez mais procurados”, destacou Alexandra Portugal Gomes, head of Research da Savills.

“Os proprietários têm de trabalhar mais para actrair e reter inquilinos, mas é claro que a procura dos inquilinos pelos melhores espaços permanece forte, mesmo em mercados onde as taxas de utilização de escritórios podem permanecer abaixo dos níveis pré-pandemia. Em algumas cidades, incluindo Nova Iorque, onde a oferta de espaços premium continua escassa, estamos até a ver as concessões dos proprietários começarem a diminuir”, acrescentou Jeremy Bates, EMEA head of Occupational Markets da Savills.

“O potencial para alcançar rendas mais elevadas serve como um forte incentivo para os proprietários de escritórios investirem e alinha-se com a tendência ascendente de crescimento dos arrendamentos prime, mesmo que tenham de oferecer inicialmente incentivos aos inquilinos para ajudá-los a reduzir os custos de adaptação. Porém, nem todos os escritórios conseguirão seguir essa trajectória. Embora a nossa análise se concentre nas tendências dos arrendamentos e nos custos efectivos líquidos para escritórios de primeira linha, para o stock com menos qualidade, a adaptação aos novos padrões pode ser proibitivamente cara: escritórios em locais menos desejáveis ​​poderão nunca actrair os inquilinos – e, portanto, os arrendamentos – para justificar o investimento. Nestes casos, a reorientação torna-se a abordagem óbvia, ou única, com a gama de utilizações alternativas a crescer em todo o mundo com a habitação, hotéis e educação em grande destaque”, salientou, por sua vez, Kelcie Sellers, associate director na equipa Savills World Research.

DR Foto: Uneebo Office Design na Unsplash