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Lisboa: relação entre o imobiliário e a cidade em debate

A conferência ‘Lisboa, que futuro?’ vai decorrer nos dias 17 e 18 de Abril, no ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. O objectivo é debater as actuais mudanças na capital e aprender com os desafios já enfrentados por outras cidades.

A socióloga Sandra Marques Pereira, responsável pela organização por parte do ISCTE, em declarações à agência Lusa, explicou que “o objectivo é discutir as mudanças actuais da cidade de Lisboa, em grande medida a partir das experiências internacionais de outras cidades que já viveram este fenómeno”. Sendo que essa realidade passa por “um processo que atrai investidores e expulsa moradores e comerciantes mais antigos e impossibilita a instalação de novos moradores da classe média”, acrescentou.

A socióloga foca o período a partir de 2014, altura em que os indicadores revelam um crescimento do imobiliário e um aumento dos preços na capital portuguesa, salientando que “a entrada muito rápida e muito recente da cidade nas lógicas do mercado imobiliário global” vai originar impactos muito fortes ao nível de preços, uma vez que passa a reger pelos padrões do mercado global.

Sandra Marques Pereira enfatiza que “estamos numa fase relativamente inicial do processo, apesar de, aos olhos da maioria das pessoas – e é verdade, de acordo com indicadores do turismo -, o fenómeno do turismo já esteja presente com grande força, mas a nossa opinião é a de que, apesar de tudo, o fenómeno ainda está numa fase inicial”.

Por se encontrar ainda numa “fase inicial” é que foi promovida esta conferência que pretende trazer à mesa de debate investigadores de cidades como Nova Iorque, Barcelona, Milão, Vancouver e Paris, com case studies semelhantes. Entre os especialistas contam-se a socióloga Sharon Zukin, estudiosa do processo de gentrificação (substituição dos anteriores moradores/comerciantes por outros com mais capacidade económica) de Nova Iorque; o geógrafo canadiano David Ley e de Oriol Nel·lo Colom, com uma apresentação sobre o impacto do turismo em Barcelona e as medidas adoptadas para diminuir os impactos negativos.

Em representação de Lisboa vão estar também investigadores, associações de comércio, do turismo e de moradores.

Sandra Marques Pereira afirma que gostaria que desta conferência “saísse uma sensibilização para as várias instâncias mais ou menos directamente envolvidas neste processo no sentido de começar a haver uma reflexão mais aprofundada sobre este tema” e que se começasse “a investir na monitorização em tempo real e começar a pensar que medidas podemos começar a tomar tendo consciência de que o turismo é imparável, que não temos qualquer margem de manobra para dominar a globalização. Mas que, apesar de tudo, é possível ter alguma acção no sentido de minimizar os impactos negativos deste processo”.

A conferência é organizada pelo DINÂMIA’CET-IUL, Centro de Estudos sobre a Mudança Soció-económica e o Território, do ISCTE.

Foto: Anabela Loureiro