< Voltar

“Não sentimos que os preços vão baixar”

A Engel & Völkers divulgou ontem os resultados do seu MarketReport Portugal, um conjunto de relatórios de pesquisa realizados em parceria com a Instituto de Marketing Research que analisaram as transacções imobiliárias intermediadas pela multinacional alemã no período 2023-2024 em vários mercados imobiliários nacionais, como Braga e Guimarães, Porto, Lisboa e Oeiras, Cascais e Estoril, Comporta e Melides, Lagos.Portimão, Albufeira e Carvoeiro. Vilamoura, Faro e Tavira.

O Market Report 2023-2024 foi apresentado na sede da Engel & Volkers, em Lisboa, e contou com a presença de Daniela Rebouta, sales Director da Engel & Volkers Portugal, e Margarita Oltra, regional manager da Engel & Volkers Portugal.

Os mercados que verificaram uma maior dinamização durante o periodo de 2023-2024 foram Lisboa, Porto e Braga que apesar da conjuntura atual tiveram o maior número de transações.

Durante o período analisado, a procura de habitação em Portugal manteve a sua tendência de crescimento. Em 2023, foram registadas mais de 130 mil transações, menos 17% comparativamente com o ano anterior. Apesar do decréscimo verificado devido ao contexto socioeconómico, a Engel & Völkers registou um volume de transações superior a mil milhões de euros. Já em 2024, verifica-se a tendência contrária, desde o início do ano a Engel & Völkers já superou cerca de 50% os valores comparativamente com o periodo homólogo do ano anterior.

“No ano passado, sentíamos que as pessoas tinham medo de apostar. Estavam à espera que os juros baixassem, que os valores dos imóveis baixassem. Estavam à espera da altura certa para comprar”, começou por afirmar Daniela Rebouta. “Em 2024, sentimos que o mercado está novamente a crescer. Estamos a sentir uma procura maior a nível nacional”, acrescentou.

Segundo os dados do Market Report 2023-2024, registou-se um aumento no preço médio das habitações em todas as regiões analisadas, à excepção de algumas freguesias dentro da região de Lisboa e Oeiras, que registaram uma ligeira diminuição relativamente ao ano anterior. Nesta região, o preço médio por metro quadrado (€/m2) situa-se, actualmente, nos 4629€/m2, no caso de Lisboa, e nos 3721€/m2, no caso de Oeiras. A Engels & Völkers prevê que se continue a assistir a um aumento da valorização destes mercados, embora a um ritmo menos acelerado que em 2021 e 2022.

Já no que toca ao mercado de arrendamento, os preços médios seguem o trajecto de crescimento que se tem vindo a registar desde 2017, situando-se nos 15,2€/m2 em Lisboa e nos 13€/m2 em Oeiras. Assistiu-se ainda a uma quebra nas transacções de 10% em Lisboa e de 5,8% em Oeiras.

Contudo, Daniela Rebouta realçou que, apesar destas quebras: “estamos a arrendar muito rapidamente. Como o metro quadrado foi sempre subindo, no ano passado, o volume de negócios foi exatamente o mesmo. Menos transacções, mas o [seu] valor era mais alto”.

Foi, contudo, na região de Cascais e Estoril que se registou o maior aumento comparativamente ao ano anterior, 107% em média, situando-se nos 8495€/m2. De acordo com Margarita Oltra, este aumento explica-se pelo facto de a procura por imóveis ter deixado de se centrar nas freguesias de Cascais e Estoril e de Carcavelos e Parede, tendo-se alastrado também às freguesias de Alcabideche e São Domingos de Rana.

Nesta região, os preços de arrendamento registaram também um aumento, cimentando-se nos 14,2€/m2, acompanhado por uma estabilização do número de novos contractos (2368).

Relativamente aos mercados da região Norte, o preço médio situou-se nos 1664€/m2 em Braga, 1500€/m2 em Guimarães, e 3984€/m2 no Porto. Em relação ao mercado de arrendamento, em 2023, os preços médios por metro quadrado atingiram os 7€/m2 em Braga, os 5€/m2 em Guimarães e os 11,7€/m2 no Porto.

“O arrendamento na cidade de Braga é muito dinâmico, devido [ao facto de] ser um polo tecnológico. Tem muitas empresas, startups, universidades, [o que] faz com que o arrendamento seja muito dinâmico. Estabilizou, mas tem um número muito elevado de contratos de arrendamento. Em Guimarães, a procura aumentou e atingiu o valor mais alto dos últimos sete anos”, salientou a regional manager da Engel & Volkers Portugal.

No que toca aos mercados do Sul, a região que registou um menor aumento no preço médio nas habitações foi Vilamoura, cujo aumento de preço médio das habitações foi de cerca de 11%, cimentando-se nos 4520€/m2. No que toca ao mercado de arrendamento, a região de Faro e da Comporta registam o preço por metro quadrado mais baixo: 7,3€/m2 e os 7,4€/m2, respectivamente.

Relativamente ao investimento estrangeiro, a percentagem nas regiões analisadas no Algarve varia entre os 50-92%, sendo Tavira, Lagos e Albufeira as regiões que registam maiores valores. Por outro lado, as regiões que registam uma menor percentagem de investimento estrangeiro são Comporta e Porto, com percentagens de 40% e 45%, respectivamente.

Debruçando-se sobre tendências dos mercados lisboeta, Daniela Rebouta salientou que “a oferta e a procura, neste momento, estão mais quentes. Estamos a ter mais compradores que neste momento não têm medo de arriscar”. Porém, destacou que não se preveem descidas dos preços. “Não sentimos que os preços vão baixar. O que é que nós sentimos? Que os valores continuarão a aumentar, mas não ao ritmo que se sentia há uns anos atrás. Não se prevê prevê-se uma estagnação dos valores de mercado, mas ligeiros aumentos”

“A tendência no Porto é muito similar à de Lisboa”, acrescentou Margarita Oltra “Vamos, pouco a pouco, desacelerando este crescimento do preço do metro quadrado, mas não prevemos uma queda de preços. Enquanto tivermos este crescimento de procura internacional, digamos que os preços vão manter esta tendência crescente, se bem que ligeiramente”, finalizou.

DR Fotos: Cedidas por Engel & Völkers