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Portugal abaixo da média europeia nas residências para estudantes

O País tem registado um aumento significativo no número de estudantes no ensino superior, mas não consegue dar resposta às suas necessidades de alojamento, sendo que o sector privado se tem destacado no investimento em infraestruturas. Os dados são da Cushman & Wakefield, consultora de serviços imobiliários, e surgem na sequência de um estudo sobre o mercado de Purpose-Built Student Accommodation em Portugal.

A equipa da consultora responsável pelo estudo investigou o panorama das residências estudantis em Portugal, bem como o investimento feito nesta área de imobiliário, tratando-se de um sector que tem vindo a crescer significativamente nos últimos quatro anos, representando aproximadamente 6% do total dos investimentos realizados no primeiro trimestre de 2022.

Para Ana Gomes, head of development & living da Cushman & Wakefield Portugal, “o País reúne todas as condições para continuar a verificar um aumento do investimento nas residências de estudantes, uma vez que existe uma margem substancial para o crescimento da área e falta de oferta perante a quantidade de interessados, tendo em conta a escolha do país para a realização de planos de estudos, como o ERASMUS.”

As principais conclusões do estudo revelaram que:

– a percentagem de estudantes estrangeiros tem vindo a crescer constantemente, contribuindo significativamente para um aumento da procura por alojamento;

– o clima, o baixo custo de vida, os excelentes níveis de segurança e a qualidade e reconhecimento das universidades portuguesas têm sido factores cruciais para este desenvolvimento, com os números a duplicarem de 7% em 2011 para 15% em 2020;

– o sector privado já representa cerca de um terço do número de camas do alojamento estudantil, em Portugal, com um total de cerca de 6.700 camas;

– a oferta do sector privado no alojamento para estudantes é mais relevante nas principais cidades, representando cerca de 60% da oferta total, sendo que os provedores públicos e religiosos cobrem, principalmente, a restante área do país;

– as taxas de provisão em Lisboa e no Porto estão muito abaixo da média europeia. A oferta em Lisboa é especialmente baixa dada a dificuldade em identificar boas oportunidades de promoção a preços viáveis, uma vez que estas competem diretamente com o mercado residencial, cada vez mais caro;

De acordo com Ana Gomes, estes dados “fazem com que exista um interesse crescente por parte de investidores, o que nos próximos anos deverá resultar no surgimento de novos empreendimentos que reforcem o número de camas disponíveis para os estudantes universitários. Aliás, o número de novas camas já programadas para entrar no mercado nos próximos três anos é superior ao número de camas privadas já em operação”

DR Foto: Marvin Meyer on Unsplash