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Procura de escritórios aumenta na Europa

O mais recente estudo da consultora CBRE, a procura de espaços de escritórios na Europa Ocidental atingiu o nível mais elevado desde a crise financeira. Lisboa destaca-se neste panorama como sendo uma das cidades que mais contribuiu para este crescimento.

Os ocupantes de imobiliário corporate estão a regressar ao mercado com novos requisitos para os espaços de escritórios, com a procura no segundo trimestre de 2014 a recuperar 21% face ao primeiro trimestre, representando o maior nível de absorção do mercado de escritórios na Europa Ocidental num segundo trimestre desde a recessão económica.

Um elemento central foi a forte actividade em Lisboa e Milão, com Londres a manter a posição dominante enquanto destino popular para ocupantes corporate, com uma subida de 29% dos níveis trimestrais de absorção. Durante o segundo trimestre, os níveis de absorção em Milão mais do que duplicaram para 94.000 metros quadrados. Paralelamente, o mercado de escritórios de Paris, que esteve em baixa durante o período de recessão, com os ocupantes sem confiança suficiente para deslocalizações, registou o nível de absorção de escritórios mais alto no segundo trimestre dos últimos dois anos, o que representa uma subida de 28% face ao primeiro trimestre. Na Europa em termos totais, a absorção bruta subiu 12,2%, por comparação ao primeiro trimestre do ano.

Em Lisboa, no primeiro semestre de 2014 foram ocupados 41.020 m² de espaços de escritórios evidenciando um aumento de 58% relativamente ao período homólogo. A absorção do semestre reflecte um total de 117 negócios, mais 38% que no mesmo período do ano passado. A zona do Saldanha – Avenidas Novas registou o negócio de maior dimensão do semestre, com cerca de 4.000 m², e a maior quota de área ocupada no período, com 31% do total da absorção, seguido do Parque das Nações com 27%.

No segundo trimestre a taxa bruta de disponibilidade do mercado de escritórios da Europa Ocidental caiu, com a zona central de Londres a registar o terceiro decréscimo trimestral consecutivo das taxas de disponibilidade, com os espaços prime a apresentarem agora uma oferta muito limitada. Da mesma forma, o acréscimo da procura de espaços de escritórios em Bruxelas, Paris e Amesterdão também contribuiu para decréscimos dos níveis de disponibilidade. Frankfurt registou a queda mais assinalável, com a disponibilidade a cair acentuadamente pelo segundo trimestre consecutivo, devido à remoção de espaços obsoletos e à reconversão de edifícios comerciais antigos em unidades residenciais. Apesar disso, no segundo trimestre, a taxa de disponibilidade global manteve-se nivelada na Europa, desvirtuada por um grande volume de espaços de escritórios concluídos em mercados core da Europa Central e de Leste que estão ainda por ocupar. A título de exemplo, uma larga percentagem do stock de escritórios, que deverá crescer um mínimo de 10% em Praga, Varsóvia, Moscovo e São Petersburgo nos próximos 18 meses, está a ser construída numa base especulativa.

O impacto do decréscimo das taxas de disponibilidade do mercado de escritórios, em particular na Europa Ocidental, deverá exercer uma pressão ascendente nas rendas prime a longo prazo. Madrid, por exemplo, registou uma subida das rendas prime de 24,50 euros por metro quadrado por mês para 24,75 euros por metro quadrado por mês durante o segundo trimestre, representando o primeiro aumento das rendas desde a recessão e um sinal de melhoria da estabilidade económica. Os mercados de escritórios com melhor desempenho continuam a registar as subidas mais acentuadas nas rendas prime. No segundo trimestre, Dublin registou uma substancial subida das rendas de 14,2%, para 430,50 euros por metro quadrado por ano, em parte impulsionada por uma forte procura por parte de ocupantes dos setores de Tecnologia, Meios de Comunicação e Telecomunicações. O mercado do West End de Londres registou um aumento de 2,4% no crescimento das rendas no mesmo período.

O Senior Director do Departamento de Global Corporate Services da região EMEA da CBRE, Tim Hamilton, explica: “Verificamos um maior interesse das empresas em arrendar ou adquirir espaços, em particular na Europa Ocidental, o que é animador. Significa que os ocupantes corporate que nos últimos anos foram travados por restrições orçamentais e estratégias rígidas de gestão de custos, daí resultando uma contração dos níveis de absorção, se encontram agora em posição para expandir e ocupar novos espaços. Com o maior dinamismo dos mercados, o crescimento das rendas de escritórios prime deverá tornar-se mais generalizado ao longo dos próximos 12 meses, especialmente tendo em conta a oferta limitada e um pipeline de promoção de escritórios relativamente escasso. Após vários anos a tirar partido das rendas em queda, os ocupantes terão de começar a ponderar potenciais aumentos de rendas futuros nas suas tomadas de decisão estratégicas”.

Foto: Atrium Saldanha