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O dia em que o planeta se sente sobrecarregado

O “Overshoot Day” ou o dia da sobrecarga do planeta assinala o dia em que a necessidade de recursos e serviços ambientais por parte da Humanidade excede a capacidade do Planeta Terra para regenerar esses mesmos recursos. A partir daí torna-se necessário usar recursos naturais que só deveriam ser utilizados a partir de 1 de Janeiro do ano seguinte, neste caso, 2025. Apesar desta visão preocupante, a ZERO deposita esperança na Cimeira do Futuro.

Este ano o uso do cartão de crédito ambiental começou um dia mais cedo do que em 2023, ou seja, a 1 de Agosto. Tal significa que estamos a usar 1,7 planetas, isto é, 70% mais do que a natureza nos oferece anualmente.

Nos últimos anos a tendência é de estagnação. A ZERO salienta em comunicado que é possível que esta tendência se deva aos esforços de descarbonização e a um conjunto de políticas que visam promover o respeito pelos limites do planeta, muito embora possa também estar a ser influenciada por alguma desaceleração económica nos últimos anos. Não obstante, como diz, esta tendência é insuficiente para alcançar os objectivos do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPPC) de reduzir as emissões de carbono a nível mundial em 43% até 2030 (tendo por referência 2010). Para que tal seja possível, teremos de retirar 19 dias em cada um dos próximos sete anos.

Como a associação ambiental sublinha: “Estamos muito longe de atingir esta velocidade de transformação e esta incapacidade é uma ameaça para as gerações presentes, mas, muito em particular, para os direitos e expectativas das gerações futuras.”

Para tal, como destacam os dados disponíveis, a Humanidade tem de acelerar o passo e promover as mudanças necessárias de forma a reduzir o impacte que as suas atividades e necessidades têm sobre a capacidade de carga do planeta.

De acordo com a iniciativa #MoveTheDate do Dia da Sobrecarga do Planeta, mudanças como ter fontes renováveis a alimentar 75% das necessidades mundiais de electricidade podem reduzir em 26 dias o nosso uso do cartão ambiental e reduzir para metade o desperdício alimentar pode contribuir para uma redução de mais 13 dias.

Mas há mais: a redução da pegada de carbono em 50% permitir-nos-á accionar o cartão de crédito ambiental 93 dias mais tarde (início de Novembro); se reduzirmos a nossa pegada ligada à mobilidade em 50% e se assumirmos que um terço dos quilómetros são substituídos por transporte público e os restantes pela bicicleta e andar a pé, accionaremos o cartão de crédito ambiental 13 dias depois (para a segunda semana de Agosto); se reduzirmos o consumo de carne em 50% e substituirmos essas calorias por uma alimentação vegetariana, o cartão de crédito seria accionado 17 dias depois (meados de Agosto), com 10 desses dias a resultarem das emissões de metano evitadas.

É urgente, pois, como a ZERO chama a atenção, uma tomada de consciência para a necessidade de alterar o paradigma de desenvolvimento no sentido de promover uma economia do Bem-Estar, que garante qualidade de vida para todos dentro do respeito pelos limites do planeta.

Apostando na cooperação internacional e procurando restabelecer bases de confiança intra e inter-gerações, as Nações Unidas estão a organizar a Cimeira do Futuro, que decorrerá de 20 a 23 de Setembro em Nova Iorque. Neste evento será dada primazia à identificação de estratégias que, permitindo a integração dos efeitos futuros das decisões do presente nos processos de decisão política, concretizem a mudança estrutural necessária que permita respeitar os direitos das gerações presentes e futuras.

DR Foto: Louis Hansel na Unsplash