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Chiado é a zona comercial mais cara de Lisboa

26 anos depois do incêndio, as compras regressam ao Chiado, esta que é, agora a zona comercial mais cara de Lisboa.  A procura de espaços para a abertura de lojas é bastante superior à oferta e quem quiser uma loja na zona mais trendy da cidade terá de pagar a renda mais elevada do mercado.

Mais de duas décadas após o incêndio que o consumiu, o Chiado é actualmente a zona comercial mais cara de Lisboa, com uma renda prime de 95 euros/m²/mês, revela a JLL no seu estudo “Lisbon Street Shopping”. A consultora nota ainda que os valores de arrendamento de lojas no Chiado deverão continuar a aumentar face à elevada procura de espaços, uma procura que chega a ser tão activa que, muitas vezes, as lojas são tomadas antes mesmo de chegarem ao mercado.

A Rua Garrett, o Largo do Chiado e a Rua do Carmo são os eixos preferidos dos lojistas nesta zona, mas esta dinâmica de procura de espaços tem levado a que o comércio de rua se expanda pelas ruas adjacentes como são os casos da Rua Nova do Almada, a Rua da Misericórdia, a Rua Ivens ou o Largo Rafael Bordalo Pinheiro. No total, entre as ruas do eixo principal do Chiado e as ruas secundárias, a JLL estima que se encontrem disponíveis cerca de 3.200 m², um volume que a consultora considera ser muito baixo.

No contexto europeu, os valores praticados no Chiado continuam ainda assim bastante distantes das rendas pagas em Paris, nomeadamente nos Champs Elysées, o destino de comércio de rua que apresenta as rendas mais elevadas da Europa (1.500 euros/m²/mês). Segue-se Londres (Oxford Street), com uma renda prime de 1.030 euros/m²/mês.

Pioneiro na afirmação do comércio de rua em Lisboa na vaga de renascimento deste formato nos últimos anos, o Chiado é actualmente um destino de contrastes em termos de oferta comercial, o que lhe tem valido também uma maior projecção como ponto turístico.

“É a zona mais trendy, fashion e cosmopolita da capital, onde convivem a tradição e a modernidade, as marcas nacionais e as internacionais, as lojas premium e as mass-market, os turistas e os lisboetas”, diz Patrícia Araújo, head of Retail da JLL Portugal. Acrescentando que “a procura tem superado em muito a oferta no Chiado e quem quiser ter aqui uma loja terá de pagar a renda mais elevada do mercado”.

De acordo com o estudo da JLL, o Chiado conta actualmente com mais de uma centena de lojas (102) e foi a zona que liderou o número de aberturas nos últimos dois anos, num total de 22 novas insígnias. Os projectos nacionais lideram o comércio nesta zona, concentrando 53% dos retalhistas presentes no Chiado e sendo responsáveis, em grande parte, pela experiência diferenciadora de comércio na zona.

“Novos conceitos como a Vida Portuguesa, a Loja do Burel ou os cinco restaurantes do Chef Avillez convivem numa zona onde a Livraria Bertrand ou a pastelaria A Brasileira mantêm as suas lojas há mais de 100 anos. São estes novos conceitos e as lojas emblemáticas que proporcionam a experiência marcante que os consumidores procuram cada vez mais”, comenta Patrícia Araújo.

A JLL contabiliza uma área de 43.500 m² ocupados por espaços comerciais no Chiado, dos quais 20% são respeitantes a novos conceitos ou lojas únicas, 19% de comércio tradicional e os restantes 61% de cadeias de retalho, quer nacionais quer internacionais. A “moda e acessórios” é a oferta predominante no Chiado (46% da área), mas a restauração (actualmente com um peso de 24%) tem vindo a ganhar terreno, considerando quer a centralidade desta zona quer a sua proximidade às zonas de animação noturna como o Bairro Alto e o Cais do Sodré. Também aqui se denota o contraste, com uma oferta que vai desde os restaurantes de referência como o Tavares e o Belcanto, aos mais hipster como o Kaffeehaus e o Café Royale.

Em termos de público-alvo, os segmentos mass market e trendy são os principais targets da oferta aqui presente – o segmento mass market concentra 80% da oferta de moda e acessórios, que é a dominante -, sendo que os consumidores estrangeiros que compram no Chiado gastam, em média, 235 euros.