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O “segmento de luxo irá continuar a crescer em Portugal”

A afirmação é de Daniel Correia, director de Real Estate da UIP, que, na sequência da inauguração do seu mais recente projecto Quinta Marques Gomes, em Vila Nova de Gaia,  falou-nos um pouco sobre o desempenho dos projectos da empresa em 2023 e perspectivou acerca do futuro do País e do sector do imobiliário de luxo para 2024.

Com mais de três décadas de experiência, a United Investments Portugal (UIP), membro do Al-Bahar Investment Group, é uma empresa que foca a sua actividade na construção e mediação imobiliária de grandes projectos premium, que aliam oportunidades de investimento no imobiliário e produtos de propriedade de férias a experiências de luxo. Em entrevista diz-nos que, até existirem alterações que promovam soluções realistas para o sector imobiliário, os novos projectos em desenvolvimento são forçosamente desenvolvidos no sector médio/alto e de luxo.

Entrevista de Fábio Lopes, jornalista estagiário da Magazine Imobiliário

Daniel Correia, director de Real Estate da UIP

A nível global, como foi o desempenho dos projectos e das operações da UIP em 2023, nomeadamente ao nível de vendas dos imóveis?

Após um ano de grande sucesso em 2022, o ano de 2023 arrancou muito bem e alinhado com as nossas expectativas. No entanto, rapidamente 2023 ficou marcado com muita instabilidade para o mercado imobiliário, com a discussão durante meses do pacote mais habitação que incluía o término do programa de ARI (Golden Visa) e com o aumento das taxas de juros. Estes factores tiveram um peso muito grande nas decisões de investidores internacionais, que face a grandes níveis de instabilidade, com enfoque especial para a instabilidade legislativa, criaram desafios que tivemos de ultrapassar.

Apesar de toda a instabilidade para o sector imobiliário, ficámos próximo dos nossos objectivos para o ano de 2023. A nível global, este ano foi excelente ao nível da operação turística o que se traduz em bons resultados para o grupo UIP.

Lançaram o projecto Quinta Marques Gomes, em Vila Nova de Gaia. O que vos levou a fazer esta aposta e quais os seus pontos fortes?

O projecto da Quinta Marques Gomes pela sua localização, geografia do terreno e pelo seu grande potencial encaixou perfeitamente na nossa estratégia de expansão em Portugal. É um projecto que se tem revelado ser uma aposta de sucesso, com algumas características distintas dos nossos outros empreendimentos no país. A Quinta Marques Gomes tem uma grande componente residencial de primeira habitação, mas partilha muito do nosso ADN, visto que engloba imobiliário, hotelaria e serviços.

Um dos seus principais pontos fortes, é a integração da primeira habitação num ambiente de resort, com grandes áreas verdes, áreas amplas com uma vista fabulosa sobre o rio Douro, a foz e a cidade do Porto, integradas num condomínio de acesso controlado que terá também um hotel de cinco estrelas superior. Com todos os serviços disponíveis a todos os residentes, a Quinta Marques Gomes permitirá que todos os proprietários desfrutem de uma experiência distinta e inexistente na área do grande Porto.

Sendo a UIP focada no imobiliário de luxo, qual a sua visão e possíveis tendências sobre este segmento em Portugal?

Na nossa opinião o segmento de luxo irá continuar a crescer em Portugal, por vários factores. Primeiro, porque continua a ser um segmento com bastante resiliência às flutuações de mercado, o que se traduz como um investimento seguro. Segundo, porque o imobiliário de luxo continua a ser procurado, não só pelo mercado interno, como também pelo externo. A procura internacional continua a aumentar, com novos mercados a consolidarem-se, como é o caso do mercado norte-americano. Por último, a conjugação de custos de aquisição de novos terrenos, processos de licenciamento, custo de construção forçam a que a aposta seja neste mercado.

Analisando o mercado actual e os projectos em desenvolvimento a nível nacional, o investimento da vasta maioria dos promotores está na construção e desenvolvimento de projectos no segmento médio/alto e de luxo pois, apesar da grande discussão do pacote mais habitação, os resultados práticos nos termos em que a legislação foi aprovada serão praticamente nulos para o desenvolvimento de novas construções para todos os segmentos que o país necessita. Até existirem alterações que promovam soluções realistas para o sector imobiliário, os novos projectos em desenvolvimento são forçosamente desenvolvidos no sector médio/alto e de luxo.

Olhando para 2024, qual a estratégia que a UIP traçou para o próximo ano e quais as vossas expectativas em relação ao mercado nacional?

A nossa estratégia para 2024 continua no desenvolvimento dos nossos projectos na linha do que temos vindo a desenvolver, com a aposta na qualidade, na seriedade e na entrega de um produto de excelência. Em 2024, vamos continuar a trabalhar para desenvolver e atrair novos mercados de investidores internacionais para os nossos projectos em Portugal, bem como continuar a promover os nossos imóveis ao mercado nacional, que desde sempre tem sido um mercado de elevada importância para o nosso grupo. Em todos os nossos empreendimentos contamos com um número muito significativo de investidores nacionais e, para 2024, vamos continuar a trabalhar para impulsionar ainda mais o negócio em Portugal.

A nível geral, o mercado nacional, para 2024, deverá crescer com a estabilização da economia e com a estabilização/redução das taxas de juros. 2023 foi um ano marcado por uma crise de inflação e aumento das taxas de juros, mas o próximo ano deverá ser um ano de estabilização, traduzindo-se numa maior confiança para a realização de investimentos a nível imobiliário.

Na sua opinião, que obstáculos e desafios irão os players do sector enfrentar face ao novo Governo que vai sair das eleições de Março de 2024?

Na minha opinião, tudo irá depender do resultado das eleições. Se tivermos um governo à direita acredito que será possível deixar cair algumas demagogias, realizar verdadeiras reformas para promover um mercado imobiliário mais abrangente, tais como a redução da taxa de IVA na construção para primeira habitação e em segmentos de habitação a custos controlados, para promover mais construção para a população em geral e a custos mais acessíveis a todos. Portugal necessita de recuperar os anos em que se construiu muito pouco e, para tal, necessita de uma reforma a nível legislativo e fiscal, para promover mais construção com os incentivos certos e passarmos a ter um parque habitacional mais abrangente.

Se tivermos uma manutenção de um governo à esquerda, é provável que se mantenha o cenário actual, com incertezas, degradação dos serviços e uma instabilidade legislativa e fiscal, com constantes alterações. Este cenário irá aumentar as desigualdades na população e não irá permitir que o país cresça, quer a nível económico, quer na oferta de habitação.

No entanto, no sector imobiliário não podemos querer uma mudança da noite para o dia. Recuperar mais de uma década de baixos níveis de construção levará o seu tempo e o mercado só poderá recuperar com os incentivos certos.

DR Fotos: Cedidas por United Investments Portugal