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Turismo Residencial pode ser o “petróleo” de Portugal

Decorreu ontem, a 1ª Conferência Nacional do Turismo Residencial, em Cascais. Entre as principais conclusões destaca-se o facto de este ser um sector com grandes potencialidades de crescimento, que pode trazer milhões para o País e que até, com a devida política e apoios, pode, dentro de seis anos, esgotar os projectos de Turismo Residencial em Portugal.

Este evento partiu da iniciativa da Associação Portuguesa de Resorts (APR), cujo presidente, Diogo Gaspar Ferreira, afirmou que o Turismo Residencial (TR) tem todas as potencialidades de ser “o petróleo de Portugal”.

Diogo Gaspar Ferreira recordou que há seis anos este era “um dos produtos turísticos contemplados no PENT” mas que, ainda assim, “era feito de forma avulsa e não organizada” e qualquer pessoa “vendia casas a estrangeiros”. Hoje é necessário “atrair pessoas para virem para cá”.

Segundo a APR, Portugal reúne condições bastante atractivas, nomeadamente o “clima, um povo acolhedor, ponto de entrada privilegiado no Espaço Schengen, qualidade e baixo custo de vida, cuidados de saúde e de educação, segurança, incentivos fiscais e facilidades na obtenção de vistos de residência a investidores estrangeiros”. Mas logo aqui surgem dois problemas.

O primeiro tem a ver com notoriedade, “nós achamos que lá fora já sabem tudo isto, mas não sabem”, falta “juntar agentes e fazer campanhas mais intensas nomeadamente junto dos bancos, que possuem uma carteira de milhares de casas”. O segundo problema é que o TR “gere riqueza que não foi devidamente quantificada”. Segundo o documento “Grau de Informação Estatística Disponível para o Turismo”, Portugal ocupa a 72ª posição, pelo que “não é possível para um País como o nosso, que tem como uma das suas principais actividades o Turismo, estar nesta posição, porque esta posição diz tudo. Diz que nós não sabemos o que se passa à nossa volta, não comunicamos e não recebemos informação dos outros”.

Para se ter a noção da importância desta última questão, Diogo Gaspar Ferreira deu o exemplo da vizinha Espanha que possui um departamento no Ministério da Economia dedicado a “saber exactamente quantas casas são vendidas a estrangeiros. E porquê? Porque sabem qual é o impacto real.” Portugal precisa, pois, “conhecer o que se passa”.

O representante máximo da APR frisou também que as “principais cidades europeias, como é o caso de Londres ou Paris, vivem sobretudo do investimento estrangeiro” e que “o crescimento imobiliário das principais cidades europeias não foi feito nos últimos 20 anos à custa dos locais, mas sim dos estrangeiros”. Por isso, defende, “quanto mais conseguirmos perceber estes números, mais vamos chegar à conclusão que o Turismo Residencial e tudo o que vem atrás é o ‘petróleo’ de Portugal”.

Numa visão mais numérica deste produto turístico no nosso País, revelou que, entre 2008 e 2013, as vendas do TR baixaram cerca de 90% e um sector com estes resultados “é um sector falido, completamente descapitalizado e sem poder económico para poder fazer campanhas.”

Ainda assim, um estudo da APR/Neoturis avança que, actualmente, existem 90 resorts no Algarve, nove em Lisboa/Costa Oeste, 11 no Alentejo e cinco na região Norte/Centro, perfazendo um total de 115 resorts em comercialização. Com base nesta análise e no princípio de que Portugal possui um “histórico de valorização imobiliária, que reduz o risco de compra, facilita a sua avaliação e financiamento”, Diogo Gaspar Ferreira, vaticina que, com os devidos apoios públicos e privados, em “seis anos poderá não existir mais projectos”.

Foto: Terraces Sheraton Algarve & Pine Cliffs Resort