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A capacidade de reverter os acontecimentos

A Magazine Imobiliário celebra 10 anos de existência e de muita actividade. Neste âmbito, solicitou, para a edição de Setembro/Outubro, a opinião de especialistas sobre a evolução do sector na última década. Para se perceber para que futuro ruma o mercado, é preciso perceber o seu passado. Deixamos o olhar atento do expert Aniceto Viegas, CEO da promotora imobiliária AVENUE.

Quando olhamos para o período 2012-2022, não podemos deixar de referir do lado negativo, que em 2012 Portugal estava a implementar as medidas preconizadas no âmbito do plano de ajuda externa, mais conhecido pelos anos da “troika”. O período de 2012 esteve negativamente marcado pela necessidade de vender o excesso de stock de habitação que tínhamos e os bancos foram obrigados a vender o “malparado” (carteiras de NPL). Nessa altura, muitas empresas tiveram de se reinventar.

Do lado positivo, esteve a capacidade de sacrifício, de luta e de reverter os acontecimentos negativos. Foram também lançadas medidas para captar o investimento nos centros urbanos degradados e abandonados – o regime dos residentes não habituais; os vistos gold; a revisão da lei do arrendamento; os incentivos fiscais à reabilitação; etc. Estas medidas, aliadas à convicção que tínhamos das nossas qualidades intrínsecas, permitiram atrair investimento nacional e estrangeiro e a escrever uma página de sucesso colectivo.

Quanto ao presente e o futuro deste sector, os principais desafios são: i) a procura de ter um equilíbrio da oferta habitacional nas cidades, que só pode ser feito pelo Estado e pelas autarquias – os custos de contexto impossibilitam que os privados possam ser tão competitivos, ii) manter a dinâmica criada em termos de oferta e de profissionalização do sector, iii) identificar soluções para contrariar o constante aumento dos custos de construção e iv) evitar que os atrasos administrativos aumentem ainda mais os preços de venda para o comprador final.

DR Foto: Anabela Loureiro